sexta-feira, 25 de junho de 2010

Agrale apresenta novo ônibus elétrico



Modelo surge como uma alternativa de transporte
Veículo foi desenvolvido em parceria com a Siemens
 
Preocupada com questões ambientais, a Agrale, fabricante brasileira de chassis de ônibus, caminhões e tratores, apresentou ao mercado, nesta quinta-feira, 24, o Agrale Hybridus – um modelo de ônibus que surge como uma nova alternativa para o transporte urbano de passageiros.
Desenvolvido em parceria com a Siemens, o veículo, com tecnologia diesel/elétrica, é resultado de dois anos de estudos e testes para suprir a necessidade de minimizar os impactos ao meio ambiente. A ideia é incentivar a utilização de energia renovável, reduzindo emissões, ruídos e, principalmente, o uso de combustíveis de origem fóssil.
Pioneira no Brasil, a Agrale projetou o protótipo sobre a plataforma do chassi MT 15, lançado no mercado há dois anos. Mesmo sem projetar volumes de produção e vendas, de acordo com a montadora, a linha de produção de Caxias do Sul (RS) já está preparada para atender os pedidos a partir de 2011.
“Não desenvolvemos o veículo baseados em uma demanda de mercado. O que queremos mostrar é que a Agrale possui tecnologia de ponta para produzir um ônibus alternativo para atender a demanda futura, com foco na sustentabilidade dos grandes centros urbanos”, declarou Ubirajara Choairi, gerente nacional de vendas da Agrale.
Encarroçado pela Marcopolo, o ônibus é movimentado por dois motores elétricos e um a diesel, de 170 cavalos de potência, fabricado pela Cummins. Todos os propulsores estão instalados na parte traseira do veículo, contribuindo para a melhor distribuição de peso e conforto para os passageiros.
Segundo a empresa, a energia gerada para a locomoção do Agrale Hybridus é utilizada para alimentar os motores elétricos nas partidas e no deslocamento do veículo, de forma silenciosa e isenta de poluição. De acordo com o executivo, o modelo é ideal para trafegar em terrenos planos como os corredores de São Paulo.
Economia
Após os testes realizados no campo de prova da Randon, em Caxias do Sul, e nos corredores de Santiago, no Chile, o ônibus, segundo Choiari, demonstrou uma economia de 30% no consumo de combustível e uma mesma proporção para a redução de emissões de poluentes.

Segundo o executivo, o novo ônibus deve custar o dobro de um modelo convencional disponível no mercado, aproximadamente R$ 600 mil. Durante o desenvolvimento, a montadora recebeu consultas de empresas do Brasil e do Chile, dispostas a testá-lo em suas frotas.
Questionado sobre o valor investido no projeto, Choiari afirmou que o montante destinado ao projeto nesses dois anos integrou os 3% do faturamento que a Agrale disponibiliza para o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Aprovado novo trólebus com tecnologia nacional


qua, 23/06/10 por milton.jung blog

Veículo mais leve e com tecnologia desenvolvida no país para evitar o impacto no meio ambiente passou por todos os testes e recebeu aval da SPTrans para rodar na cidade de São Paulo.
Trólebus mais leve e mais limpo

Por Adamo Bazani
Agora é definitivo! São Paulo vai contar de fato com um trólebus novo, que traz soluções inéditas e prova que o Brasil tem condições de fabricar veículos de transporte coletivo com tecnologia limpa. Nasexta-feira, 18 de junho, a SPTrans – São Paulo Transportes – bateu o martelo e aprovou o trólebus Ibrava/Tuttotrasport/Iluminatti/WEG, a partir de critérios relacionados as novas normas de operação, segurança e conforto.
“Para nós a ansiedade foi muito grande. Apesar de contratempos normais na elaboração de qualquer produto novo, as etapas de concepção até a finalização do trólebus ocorreram como esperávamos. Mas, olha, o coração acelerava a cada dia. É uma tecnologia nacional, uma solução totalmente brasileira, o que vale ser destacado. Foi como o nascimento do primeiro filho de um recém-casado” – declara satisfeito Edson Corbo, da Iluminatti, umas das empresas envolvidas na concepção do novo trólebus.
Ele explica que o veículo se comportou de maneira satisfatória em todos os testes efetivos da SPTrans – São Paulo Transportes, gerenciadora do sistema municipal de ônibus de São Paulo. As avaliações começaram pra valer no dia 8 de junho. Entre os dias 9 e 10 houve os testes dinâmicos, que são aqueles nos quais, com equipamentos de referências de dados e com o atento olhar de técnicos, toda a operação do ônibus é simulada. Paradas em pontos, passagens pelas vias, relação com a rede elétrica aérea, peso simulando o dos passageiros. Tudo foi analisado nos mínimos detalhes.
Houve um contratempo em relação ao raio de giro, que leva em conta o quanto as rodas giram em manobras e curvas, ponto que é previsto na NBR 15570, que leva em consideração itens sobre conforto, segurança e operação dos veículos de transporte público. Mas o problema foi logo resolvido.
“Entrávamos cedo na garagem da Himalaia Transportes S.A, saíamos tarde, às vezes não tinha sábado, domingo, feriado” – relembra Edson Corbo sobre o trabalho da equipe durante todo o projeto, construção e adaptação do veículos.
A Himalaia é a única empresa que opera os cerca de 200 trólebus de São Paulo, que prestam serviços principalmente na zona Leste. Antes de 2001, quando boa parte das redes foi desativada, São Paulo chegou a ter cerca de 450 ônibus elétricos, que são totalmente não-poluentes.
São várias as inovações do veículo recém aprovado, que recebeu o prefixo 4 1901. O sistema refrigerado a água deixa o trólebus até 400 quilos mais leve, o que proporciona maior capacidade de transporte de passageiros, menos custos e desgastes de operação e melhor rendimento e aproveitamento da energia elétrica.
Toda a operação do trólebus pode ser monitorada em tempo real na garagem, terminais e no próprio ônibus. O IHN – Interface Homem Máquina – dá ao motorista, por meio de uma tela de LCD no painel do ônibus, todo o controle de tração e funcionamento. Já o sistema Multiplex permite oferecer informações em tempo real sobre as inclinações e estado da carroceria, funcionamento dos componentes e forma de operação. Os parâmetros sobre a forma de operação permitem que o motorista corrija eventuais falhas na hora e traz à garagem uma noção do comportamento dos operadores, o que pode gerar novos procedimentos mais eficazes de como dirigir e manter o trólebus. Todos estes sistemas de informação e tração permitem a redução da fiação interna do veículo, o que significa, menos peso ainda e mais eficiência.
Com o sistema de corrente alternada, mais eficiente que o de corrente contínua, e que permite o uso de eixos de tração nacionais, o novo trólebus disponibiliza de monitoramento por câmeras, que servem para segurança e auxílio do motorista nas operações. Monitores de LCD vão informar os passageiros sobre itinerários, horários e dicas úteis. A iluminação do salão de passageiros e área do motorista e cobrador também é moderna. Tudo por LED.
Participaram do projeto diversas empresas:
- Iluminatti: integração de todos os sistemas com carroceria, chassi e outros componentes.
- Bosch: câmeras de Vigilância, monitoramento e telas de informação ao usuário
- Tuttotrasporti: Chassi
- Ibrava: carroceria (a única no mercado planejada exclusivamente para trólebus, os outros modelos nas ruas, já são consagrados como veículos a diesel e foram adaptados para o sistema elétrico)
- WEG: motor e sistema de tração
- Dilmethoz: Sistema Multiplex de gerenciamento e informação operacional e itinerário
- Gardinotec: que desenvolveu sistemas modernos e exclusivos de compressores e de parte do sistema de suspensão
O melhor de tudo isso: todas estas empresas desenvolveram produtos brasieiros.
“Isso é prova que a indústria e as operadoras têm capacidade de desenvolvimento e prestação de serviços de veículos com tecnologia limpa. Algo que nos orgulha muito. Essa capacidade nacional prova que o trólebus é economicamente viável”.
Além do rendimento energético de um trólebus (o que faz mesmo o veículo andar) ser muito maior que os veículos a diesel, a energia no trólebus é aproveitada em 90% para movimento, enquanto no ônibus convencional o diesel só é aproveitado em torno de 45%, (o resto vira calor), o ônibus elétrico é mais seguro, dura até 3 vezes mais e não polui nada.
O próximo passo é aproveitar o lixo e sua queima, com estações dotadas de filtros especiais, para gerar energia elétrica e fazer os trólebus funcionarem, barateando ainda mais os custos de operação.
“Sabemos que isso é totalmente viável” – garante Edson Corbo da Iluminatti.
Apesar da aprovação total por parte da SPTrans, ainda a gerenciadora não estipulou uma data para as operações comerciais.

Adamo Bazani, repórter da CBN, busólogo e escreve no Blog do Mílton Jung